terça-feira, setembro 16, 2008

segunda-feira, março 10, 2008

Entrevista de Paulo Afonso no Luso - Poemas


O destaque de Luso-Poemas para o mês de Março é o Paulo Afonso. Não por ser administrador do Luso (de facto, por sê-lo esteve para não ser o escolhido), não por ser amigo de ninguém em particular mas por ser amigo de todos de forma desinteressada e fácil.

Sem querermos cair no elogio fácil, devemos dizer que o Paulo Afonso é, indiscutivelmente, uma figura incontornável deste sítio, tanto pela sua escrita como pela sua postura correcta e conciliadora. Se tivéssemos que sublinhar as suas maiores qualidades, essas seriam, garantidamente, o voluntarismo, a correcção e a grande capacidade para ouvir/ler. Estas qualidades humanas aparecem fortemente imprimidas na sua escrita.
Quem lê o Paulo Afonso, atesta facilmente esta verdade.

Nesta entrevista introduz-se uma nova nuance. A partir de agora, para além dos elementos usuais em cada entrevista, passará a haver um entrevistador Luso ou Lusa convidado. O primeiro nessa qualidade é uma primeira. A Rosa Maria.

Ficamos, então, com uma pequena biografia do Paulo e com a conversa que tivemos com ele.

Auto-biografia

Paulo Jorge Afonso Ramos nasceu na Maternidade Alfredo da Costa em Lisboa, ao vigésimo quinto dia de Fevereiro decorria ano de 1966. Viveu em Alcântara até aos 3 anos, altura em que foi viver para África. A sua infância foi passada em Moçambique. Voltou para Portugal e viveu nos Olivais Sul onde começou a sua viagem pela escrita aos 10 anos de idade.
Só no ano de 2001 (Maio) começou a publicar poesia através da Editora Minerva, onde participou na Antologia de Poesia e Prosa Poética Portuguesa Contemporânea – “Poiesis” Volume V.
Participou ainda neste projecto “Poiesis” nos Volumes VII – (Maio 2002) e no Volume VIII – (Dezembro 2002).
Mas foi no ano de 2006 que concretizou o seu grande sonho, ao ver o nascimento do seu primeiro livro de poesia, editado pela Edições Ecopy com o nome de “Vinte e Cinco Minutos de Fantasia”. Este livro reflecte o seu olhar pelo amor, pelos sentimentos e pelas pessoas em forma de poesia.

Escreve com assiduidade no seu blog http://poesiadepauloafonso.blogspot.com/


Entrevista

Rosa Maria - Olá Paulo. Não queria começar a falar do poeta. Queria saber do Paulo enquanto Homem romântico, sensível e sonhador que parece transparecer na tua poesia.
Paulo Afonso - Bem, não sendo Poeta, acho-me um pouco romântico e muito sensível. Sonhador sou demais, talvez por ser do signo peixes. Mas gosto do que sou. Pois sinto-me de bem com a vida.

Vanda - Ainda te lembras da 1ª vez que escreveste? Como foi?
Paulo - Tinha pouco mais de 10 anos. Tímido e inseguro e com necessidade de desabafar encontrei no papel a forma ideal de o fazer, depois escondia o que escrevia como se de um tesouro se tratasse. Mas por pura timidez …

Vera Silva - Nasceste para a poesia muito criança ainda e, descobriste, pelo que vemos nas tuas publicações no Luso-Poemas, a prosa muito mais tarde. Como aconteceu essa descoberta e em qual delas te sentes mais à vontade?
Paulo - De facto sempre escrevi poesia. Tinha um medo enorme de escrever de outra forma. Só no ano passado e no Luso–poemas comecei a arriscar a prosa em pequenos textos. Os incentivos foram chegando e comecei a escrever mais vezes. Hoje, por incrível que pareça, sinto-me mais à vontade na prosa e, esse facto, devo-o ao Luso e aos Lusos que amavelmente comentam os meus textos…

TrabisDeMentia - Olá Paulo, o Luso tem um efeito relaxante mesmo. Mas também é verdade que ele te tem dado algumas dores de cabeça. Como te sentes no papel de administrador. É tão relaxante como ler poesia?
Paulo - Ufa! Uma verdadeira surpresa. Imenso trabalho de bastidores e muita preocupação misturadas com muita vontade de fazer coisas boas em prol de todos. Agora também tenho imensas saudades dos tempos em que apenas lia e debitava textos sem qualquer noção da vida de administrador e sem preocupações. Hoje dou muito valor a esses tempos pois já conheço os dois lados…

Trabis - Por falar em lados, foste o primeiro Luso-poeta que eu tive o prazer de apertar a mão! Também noto que apareces em todas as fotos de encontros literários. A vida é um prazer, não é?
Paulo - Todos os momentos são feitos de grande prazer. E alguns com grande orgulho. Conhecer as pessoas pessoalmente, reforça a união. No teu caso foi um grande prazer também. Poder estar com a pessoa que vive atrás do ecrã é magnífico.

Valdevinoxis - Tu és por natureza uma pessoa conciliadora, uma pessoa que tende a querer mediar situações. Já por várias vezes o vimos aqui no Luso. O que te parece que gera os desentendimentos ou melhor, o que achas que impulsiona algumas pessoas a terem relações difíceis com a harmonia? Como é que se gere isto?
Paulo - Uma pergunta difícil. Mas vou tentar ser objectivo. O problema é, de facto, sermos muitos e todos diferentes. Uns mais que outros, precisam de apoio, incentivo ou uma palavra de amizade. São as relações sociais do ser humano. Gerir é complicado e não sei se conseguirei, mas já aprendi muito com os Lusos e creio que a maior virtude é tentarmos entrar na pele do outro para perceber as razões, convicções etc. Nunca é fácil…

Rosa - Diz-me Paulo, o que significa verdadeiramente o Luso-Poemas para ti? Quais são no teu ponto de vista as suas virtudes e defeitos, de uma forma concreta.
Paulo - O Luso–poemas é uma segunda casa para mim e sinto os Lusos como uma família. As virtudes são muitas, pela variedade de estilos ou por ser um site diferente de todos outros desta área. Defeitos? Alguns. O facto de não termos alguma capacidade de gerir as diversas formas de opinião (critica geral) e de não conseguirmos expandir mais para outras culturas, nomeadamente a africana onde existem grandes poetas. Mas iremos conseguir com o tempo e a ajuda de todos Lusos.

Vera - A poesia é muito mal tratada e pouco divulgada. Se tivesses o poder de alterar isso, como o farias?
Paulo - Atacaria as bases. Mudaria a política da educação. Mudaria o apoio à cultura e criava outras opções de publicação, que permitissem termos mais acessos à leitura com, obviamente, baixos custos. Se pudesse, a poesia seria posta em outras condições, mais de acordo com os poetas da nossa história…

Trabis - E que dizes tu, Paulo, da história que os nossos poetas escrevem a cada dia? Achas comparável à dos nossos antepassados?
Paulo - De certa forma sim. Se pudermos modificar os métodos e actualizarmos os efeitos. Claro que sim. Mas o tempo o dirá quando um de nós merecer o justo destaque social e na literatura, pois no Luso-poemas há de facto grandes valores. Aposto fortemente em alguns nomes…

Vera - Que relação existe entre Paulo Afonso e as personagens que estão dentro dele?
Paulo - De cumplicidade. Tenho uma frase minha em que digo: “Escrevo…para libertar as personagens que não consigo Ser”. Em cada frase, em cada texto sai um pouco de cada personagem que habita dentro de mim. Por vezes confundo-me entre as personagens e o homem real do dia a dia que também existe e com muitos defeitos…

Val - Paulo, o que dizes é que tu és mais uma personagem, que te recrias na escrita? Se assim é, não tens medo de uma exposição demasiada, de neste processo de "mixagem", perderes a identidade? O facto de seres o autor não te deveria obrigar a um distanciamento em vez da colagem de que falas?
Paulo - Há uma liberdade criativa, por vezes inconsciente mas em que tenho necessidade que assim seja. Sem qualquer medo, assumo que por vezes não me reconheço no que faço através da escrita, mesmo que corra o risco de perder a identidade, faço-o na mesma. Quando escrevo, perco o medo, a vergonha e a conduta social. Criar é poder voar sem asas é ir e voltar sem preocupações com o ego ou com outra envolvente subsequente. Nessa altura o Eu pouco me importa. Simplesmente escrevo!

Rosa - Agora questiono o Poeta. Tens um texto (em prosa poética) com o título "Viagem". Que "Viagens" ainda queres realizar?
Paulo - Quero descobrir a viagem ao paraíso e por lá ficar os últimos tempos da minha vida. Estamos uma vida inteira a aprender. Como digo nesse texto: “A verdadeira viagem foi a vida… pelos anjos que encontrei” Esse tesouro é a minha maior riqueza, a fonte do meu sorriso diário e a esperança em conseguir viajar sempre. Viajar? Sempre, quer seja pessoalmente (adoro) ou através da escrita. O que importa é mesmo viajar...

Vera - O que mais te inspira quando escreves? Como chegas a um tema, como vives o processo criativo?
Paulo - Confesso que tenho uma forma pouco comum. Primeiro porque tenho o hábito, muito antigo, de pedir um título e só depois escrevo. É assim que chego ao tema. Vivo o processo criativo com grande emoção e prazer. Inspiro-me no momento ou na música e as coisas acontecem naturalmente. Fluem de dentro de mim em liberdade que por vezes nem tenho a consciência do resultado final.

Trabis - Tenho um título bom para ti: "Paulo". Conseguirás escrever esse poema? Agora? Em breves linhas? Deixa o tema fluir!
Paulo -

Um mistério recôndito
que o tempo vê passar
ele é o dito
que quer falar.

Espevito
sabe amar
quer viver em sociedade
em alegria constante
em liberdade
em cada instante.

Ele é um menino
que cresce em cada hino!

Val - No decorrer desta entrevista mantiveste uma postura que, podemos dizer, é politicamente correcta. Também nos apercebemos que não é uma máscara mas sim uma filosofia de vida. Quero que descoles um pouco dessa linha e que nos digas o que mais te desagrada no Luso. Qual o tipo de intervenção que não gostas mesmo? Quais são os pontos sobre os quais tomavas medidas drásticas? Que medidas?
Paulo - Não é fácil desviarmo-nos da nossa linha mas, nunca recuso um bom desafio. O que mais desagrada no Luso é a postura de alguns Lusos, que a criticam sem noção das realidades e só para aparecerem. As manobras de imposição, maioritariamente dissimuladas. Não pactuo com posturas provocatórias ou de “politica do umbigo”, ou seja, manifestamente egoístas.
Não gosto mesmo do tipo de intervenções “BOMBA” no fórum. Sem critério ou sem bases, só porque estão na corrente e deixam-se levar. E digo-o com o devido respeito por todos, obviamente. Nessas alturas tomaria medidas drásticas. Que medidas? Colocava-os como a outra parte, a parte de quem tem que resolver e em simultâneo agradar a todos para ver se conseguiam entender o quão é difícil gerir e fácil criticar. Só assim alguém poderia ter consciência poética para agir
Depois trocava opiniões com os visados e certamente melhorávamos todos. O Luso–poemas incluído.

Rosa - Para terminar não poderia deixar de te pedir uma mensagem para todos os Luso-Poetas. Que palavras nos ofereces Paulo?
Paulo - Uma mensagem de gratidão sincera. Porque todos Lusos (mesmo que não saibam) têm uma grande influência na minha vida e em especial no que escrevo. Porque desde que estou no Luso cresci como homem e na escrita. Criei um canal de amizades verdadeiras. Sinto que todos podemos crescer em conjunto, sem limites e com respeito pela personalidade de cada um. Que todos sejamos capazes de fazer um esforço em prol da poesia. Do Luso–Poemas. E que em Abril façam mais um esforço para estarem no 1º Encontro da Luso. Mostrem-se. Sorriam e a vida melhorará. Por favor, ACREDITEM!

sábado, janeiro 26, 2008

Projecto PÃO & POESIA

















IRAQUE EM GUERRA

Inferno que ilude
Recebe e dá… a dor
Amanhecer cor de fogo
Querer… sem amor
Uma criança que foge
E brinca de soldado…

Embalados em miras
Miras em movimento

Gente que morre
Um vento sofrido
Ecos de almas a partirem
Rostos de pânico
Rituais de um mundo perdido
Amor atingido… que morre!